Sonho II
Espreitais Lua o meu leito,
Não, esperai, entrai e aninhai-vos
Comigo, sim, ansioso esperava-vos,
Agora, repousai sobre meu peito…
Não, esperai, entrai e aninhai-vos
Comigo, sim, ansioso esperava-vos,
Agora, repousai sobre meu peito…
Tristes as noites que não são trevas sem vós,
Mas não estais com elas para que comigo,
Ao cantares ao doce silêncio, meu amigo,
Estes sonhos sejam vividos apenas nós…
Sonhemos agora minha pequena,
Deixando as nossas almas chorar
A saudade que teima em representar
Nas nossas vidas, esta triste cena…
2 Comments:
"Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa
Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.
Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.
Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.
Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver."
Sophia de mello Breyner Andresen
"Dentro de água, largamos as mãos e vais indo, desaparecendo, lenta e tranquilamente… a água é envolvente, como um útero, é escuro e só nós brilhamos. Quando estou contigo tenho apenas uma vaga sensação de como é quando me deixas, não tenho qualquer recordação, mas as minhas entranhas revolvem-se numa inquietação que não compreendo (...)"
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